Correr maratona é mais perigoso do que fazer 10 km?
Se
 correr é de fato um exercício tão saudável, por que corredores 
continuam a morrer ao praticar tal actividade? Sob calor ou frio, 
em ginásios ou nas ruas, treinando ou competindo, estatisticamente 
falando é possível afirmar que vários outros morrerão durante corridas 
no mundo inteiro ainda este ano, a maioria devido a doenças do músculo 
cardíaco, as chamadas miocardiopatias.
Em todas essas ocorrências, 
enquanto alguns irão culpar as maratonas (sacrificam demais!), outros 
apontarão o dedo para as provas mais curtas (o corredor exagera no 
ritmo!). Quem está com a razão? Será a distância a grande vilã ou haverá
 um terceiro culpado?
Com base em pesquisas, vários especialistas admitem que a prática 
regular de exercícios físicos vigorosos como a corrida, reduz 
consideravelmente os riscos de mortalidade. Executados de forma regular e
 em bases crónicas, tais exercícios têm de fato se mostrado um factor de
 proteção considerável.
Indivíduos que mantém essa prática parecem viver mais e melhor. No entanto, além de alertarem para a existência de paradoxos surpreendentes no binômio saúde-doença, esses mesmos especialistas afirmam não haver qualquer garantia a tal respeito, podendo cada novo treino ou corrida significar um risco potencial para certos corredores.
Indivíduos que mantém essa prática parecem viver mais e melhor. No entanto, além de alertarem para a existência de paradoxos surpreendentes no binômio saúde-doença, esses mesmos especialistas afirmam não haver qualquer garantia a tal respeito, podendo cada novo treino ou corrida significar um risco potencial para certos corredores.
Para Ricardo Stein, que no momento actua como professor consultor em 
Cardiologia do Exercício na Universidade de Stanford, nos Estados 
Unidos, mesmo que não se manifeste através de sinais ou sintomas, basta a
 presença de alguma doença pré-existente para que o exercício vigoroso 
possa vir a actuar como um “gatilho” e assim provocar tanto o 
desencadeamento de arritmias malignas, quanto algum outro processo 
maléfico ao coração. “Agora, se o indivíduo está devidamente preparado e
 não existem evidências de qualquer enfermidade potencialmente deletéria
 sob o ponto de vista cardiológico-clínico, o risco passa a ser muito 
pequeno”, afirma Stein.
Estudos demonstram que embora a curva de ganhos continue ascendente, 
os benefícios à saúde aumentam menos intensamente quando se corre pouco.
 Em 1997, analisando 8283 corredores, foram comparados os que corriam 
mais de 80 km semanais com os que corriam menos de 16. A conclusão foi 
que os níveis de colesterol bom (HDL) ofereciam 2,5 vezes mais proteção e
 davam 50% menos chances de os atletas de alta quilometragem sofrerem de
 hipertensão. A mensagem não poderia ter sido entendida de forma mais 
direta pelo público interessado: quanto mais correr, melhor.
Mas não é bem isso que acontece. Sendo o coração um músculo, e não 
havendo limites de distância ou esforço para as competições modernas 
(sempre aparecem novos desafios), é preciso bom-senso. “Considerando que
 existem provas que levam o ser humano ao limite, é razoável que a estas
 sejam atribuídos riscos maiores e, portanto, cuidados extras. No 
entanto, sob o ponto de vista prático, é muito difícil, quase 
impossível, afirmar que o risco de morte súbita é maior nas maratonas do
 que em provas menores. Não é a prova que determina o risco, mas sim a 
situação clinica de quem a está fazendo”, diz Ricardo Stein.
FREQUÊNCIA CARDÍACA OU DURAÇÃO DA ATIVIDADE? Embora a
 distância percorrida em um maratona seja quatro vezes maior que numa 
prova de 10 km, é o ritmo em que se corre que determina o quão vigoroso 
está sendo o exercício. Neste caso, considerando um mesmo atleta, qual 
deveria ser julgado o fator de risco mais relevante: a frequência 
cardíaca ou a duração da atividade? Cardiologista do Hospital 9 de 
Julho, em São Paulo, José Luiz Cassiolato acredita que os dois 
componentes devem ser observados em conjunto.
Para ele, “é fundamental que qualquer praticante de atividade física 
vigorosa saiba sua FC limítrofe (o chamado limiar anaeróbico do teste 
ergoespirométrico) e realize sua tarefa preservando esse dado, pois é 
nesta faixa que os exercícios vigorosos trabalham (80 a 85% da FCmáx ). 
Esta FC deve ser relacionada ao tempo da atividade proposta. Quanto 
maior o tempo exigido, mais cuidados é preciso ter com eventuais 
reposições liquidas, nutrientes e eletrólitos, minimizando os riscos do 
esforço físico prolongado e vigoroso”.
Cassiolato vai um pouco mais longe nas suas observações. Afirma que 
as respostas do coração são adaptativas às várias fases de treinamento e
 competição, sendo que indivíduos que se preparam para provas com 
desafios maiores devem estar cientes das condições as quais serão 
submetidos – aclimatação ao local, temperatura, altitude, época do ano e
 limitações nutricionais são apenas alguns dos elementos que irão atuar 
sobre seu organismo.
Se, por um lado, atividades físicas vigorosas como corridas são 
“dolorosas”, por outro o corredor sabe seu nível de tolerância a essa 
“dor”. Do ponto de vista médico, Cassiolato se considera um tanto 
radical: “Qualquer indivíduo que esteja correndo e se sinta 
desconfortável, deve, no mínimo, diminuir a intensidade. Persistindo o 
sintoma, melhor parar. Todo e qualquer sinal clínico deve ser valorizado
 pelo praticante, sendo que sudorese excessiva ou fria, palpitação, 
dificuldade de respirar, dor torácica ou tontura necessitam, além da 
interrupção da atividade, uma avaliação criteriosa”.
Em relação às distâncias, a opinião de Cassiolato é que um maior 
risco de morte súbita não depende da prova em si. Para ele, “um 
indivíduo bem avaliado, com prescrição adequada de treinamento, sabedor 
das características da prova a que irá se submeter, consciente da 
necessidade de reposição hídrica durante a prova e sabedor de seus 
limites, terá sempre menor risco de morte súbita. E que o atleta não se 
esqueça do período de recuperação, fase que também faz parte da prova”.
CORAÇÃO DE MARATONISTA. Bastante empregado entre 
corredores, o termo “coração de maratonista” em princípio reflete 
orgulho. Transmite a ideia de um coração maior, mais potente, saudável e
 altamente eficiente, desenvolvido através de intensa atividade física. 
Até aí, beleza. Mas nem sempre o quadro é verdadeiramente esse. Embora 
também aumentem a massa e o volume do coração, as miocardiopatias 
hipertróficas são um problema patológico grave que o tornam um órgão 
defeituoso, fraco, não confiável e extremamente perigoso.
Em relação ao risco de morte súbita cardíaca durante o exercício, 
Cantarelli afirma que estudo realizado na década de 90 mostrou que o 
risco relativo de sofrer enfarto agudo do miocárdio é 5,9 vezes maior no
 período de uma hora após a atividade vigorosa, e que esse mesmo risco 
diminui quando a prática é regular e a frequência semanal aumenta. 
Assim, enquanto exercícios moderados não aumentam o risco de morte 
súbita, formas mais vigorosas associam-se a riscos cinco a sete vezes 
maior.
RESPEITO À INDIVIDUALIDADE. A prática regular de 
exercícios físicos vigorosos leva a fenômenos orgânicos adaptativos. 
Ponto. As alterações funcionais e anatômicas tem maior impacto sobre o 
sistema músculo-esquelético e cardiovascular. Outro ponto. Embora possam
 situar-se fora dos limites da normalidade, seus significados clínicos e
 prognósticos são controversos.
A resposta individual ao exercício não está relacionada apenas à duração ou intensidade, mas também a fatores intrínsecos como idade, sexo, raça e componentes genéticos. Estes últimos ganham relevância quanto ao desenvolvimento de hipertrofia ventricular esquerda, acentuando diferenças nas alterações cardíacas para um mesmo dado esforço.
A resposta individual ao exercício não está relacionada apenas à duração ou intensidade, mas também a fatores intrínsecos como idade, sexo, raça e componentes genéticos. Estes últimos ganham relevância quanto ao desenvolvimento de hipertrofia ventricular esquerda, acentuando diferenças nas alterações cardíacas para um mesmo dado esforço.
Atualmente, a busca por atividade física regular tem aumentado não só
 pelo público jovem, que procura resultado principalmente estético, mas 
também pela turma da terceira idade, estes correndo atrás da prevenção 
cardiovascular. Em ambos os casos, é possível notar nas academias a 
exigência quanto a avaliação física prévia, o mesmo não acontecendo em 
relação à parte cardiológica.
Médico responsável pelo serviço de cardiologia intervencionista do 
Hospital Check-up, de Manaus (AM), Rizzieri Moura alerta: “Jovens ou nem
 tanto, indivíduos portadores de miocardiopatia hipertrófica secundária à
 atividade física devem estar cientes de que se trata da principal causa
 de morte súbita cardíaca. Lembrando mais uma vez, que o fato deve ser 
investigado e acompanhado intensivamente, já que é uma alteração 
estrutural adquirida que se desenvolve a longo prazo e de forma 
evolutiva.”
Tomando por base um mesmo corredor, Rizzieri afirma que o risco de 
morte súbita cardíaca é maior em maratonas que em provas menos longas. 
Segundo ele, “o remodelamento miocárdico varia de intensidade conforme o
 tipo de atividade física a qual é submetido, sendo as atividades 
prolongadas e contínuas as responsáveis pelas alterações morfológicas e 
funcionais mais importantes.”
Como se vê, controvérsias à parte, o importante é que o corredor 
mantenha plena consciência de suas reais condições de saúde. Que realize
 acompanhamento periódico com especialista para não ser surpreendido por
 sinais ou sintomas graves em estágio avançado. Que respeite seus 
limites individuais. Que a corrida – tenha ela a distância que tiver, 
exija o esforço que exigir – seja praticada dentro da capacidade 
cardiovascular, pulmonar e osteo-muscular a qual o indivíduo está 
adequadamente treinado e adaptado. Isso feito, as estatísticas ficarão 
para o passado distante.
O CORAÇÃO NA BATIDA
Estima-se que 90 milhões de pessoas apresentem insuficiência cardíaca
 no mundo; 5% da população brasileira possui algum tipo de arritmia. 
Apesar dos medicamentos modernos e da evolução no campo das medidas 
preventivas, enquanto nos Estados Unidos ocorrem cerca de 450 mil casos 
de morte súbita por ano, no Brasil este número chega a 250 mil. Em 
outras palavras: a cada 4 ou 5 minutos um brasileiro é vitima de morte 
súbita.
Em relação à prática esportiva, calcula-se que ocorra 1 morte súbita 
para cada 165.000 pessoas que fazem atividade física regular por ano. 
Entre maratonistas, a morte súbita cardíaca tem sido estimada em 0,002%,
 ou seja, um falecimento para cada 50.000.
FIQUE ATENTO AOS SINAIS
Na busca pela superação, frequentemente o atleta acaba ultrapassando 
os limites do próprio corpo. E isso pode ser fatal. Sim, a morte súbita 
costuma mandar aviso-prévio! Ignorá-lo é dar chance ao azar.
Vários trabalhos já realizados mostram que, uma semana antes, entre 
70% e 80% das pessoas que tiveram morte cardíaca súbita sofreram quadros
 de falta de ar, tontura, azia, palpitações ou cansaço fora do habitual.
 São sinais que precisam ser devidamente valorizados. Ao sentir qualquer
 coisa estranha durante a atividade física, pare. Não continue, achando 
que vai passar.
E lembre-se: muito embora o calor seja tido como o inimigo nº 1 dos 
corredores, nos dias frios a baixa temperatura também pode ser o gatilho
 para situações graves como a angina ou o enfarto. A explicação é 
simples: o frio provoca uma descarga de adrenalina no corpo, estreitando
 os vasos sanguíneos e fazendo com que a pressão arterial suba. Quando 
isso acontece, o coração pode sofrer alterações no ritmo dos batimentos.
O QUE É MORTE CARDÍACA SÚBITA
Morte súbita relacionada aos exercícios é aquela que ocorre durante a
 realização de atividade física ou em até 1 hora após seu término. Além 
disso, deve ser provocada por algum transtorno no funcionamento do 
sistema cardiovascular, excluindo-se dessa forma as mortes que acontecem
 devido à prática do desporto com risco de vida intrínseco, como 
pára-quedismo, alpinismo, automobilismo e outros.
Ao morrer, logo após ter corrido de Maratona até Atenas e informado 
que os gregos haviam derrotado os persas, Feidípedes foi, muito 
provavelmente, o primeiro caso de morte cardíaca súbita relacionada ao 
exercício físico de que se tem notícia.
RESULTADO FALSO-NEGATIVO, UM PROBLEMÃO
A chamada morte súbita está fortemente relacionada a casos de enfarto
 do músculo do coração (miocárdio) e é uma situação que assusta pela 
maneira furtiva como acontece, sendo comum ocorrer em pessoas que nunca 
apresentaram qualquer sintoma de irregularidade cardíaca. Não são raros 
os casos em que tais problemas passam batidos por exames específicos. Em
 outras palavras: existem casos em que um problema latente não detectado
 pode vir a se agravar com o esforço e provocar o evento cardíaco. São 
os chamados resultados falso-negativos.
O falso-negativo é um problema sério na medida em que o indivíduo 
efetivamente possui uma enfermidade cardiovascular, mas é informado que 
está sadio. Para diminuir as chances dessa falha acontecer, o atleta 
deve ser orientado pelo médico a realizar exames que estejam de acordo 
com o seu histórico clínico, fatores de risco, sinais e sintomas, além 
de considerar os achados de exames clínicos realizados anteriormente.
Entre os fatores de risco devem ser levados em conta o histórico 
familiar, a idade, o sexo, o tabagismo, o diabetes, a hipertensão, o 
colesterol alto e outros. Indivíduos com resultado negativo para um 
determinado exame e que apresentem alto fator de risco devem confirmar 
junto ao médico sua situação, afastando a possibilidade de ter ocorrido 
um resultado falso-negativo. Em casos de dúvida é melhor buscar mais 
informações que se expor a um risco iminente e desnecessário.
Por outro lado, há também os chamados resultados falso-positivos, que
 são justamente o oposto. Menos danosos, nesse caso a pessoa não é 
portadora de qualquer enfermidade, mas, por qualquer motivo, o resultado
 do seu exame aponta a existência de algum problema. Esquecendo o susto,
 a realização de outro exame e uma boa conversa com o médico põe as 
coisas nos devidos lugares.
O TESTE DE ESFORÇO NÃO DIZ TUDO
No chamado Teste Ergométrico (ou de Esforço), um dos objetivos é 
prever de simples desordens cardíacas até problemas mais graves, que só 
se manifestam sob esforço acentuado e que podem levar à morte em 
determinado espaço de tempo. Embora sejam especialmente indicados para 
pessoas que apresentem problema cardíaco, no dia-a-dia costumam ser 
feitos por pessoas sem sintomas.
A eficácia do teste ergométrico depende do paciente, sendo mais 
preciso em indivíduos com prevalência de doença coronariana. Na maioria 
das pessoas sem sintomas, a prevalência de doença é tão baixa que a 
precisão do teste também passa a sê-lo. Além do mais, quando o teste é 
feito em pessoas de baixo risco cardíaco, achados anormais costumam dar 
falso-positivo, o que demanda testes adicionais.
“GATILHO” E CONDIÇÃO PRÉ-EXISTENTE
Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. Sendo assim, imagine
 o seguinte quadro: uma mangueira de jardim (ou então de lavar carro) 
por onde passa um fluxo de água bastante fino. Comparativamente falando,
 essa é sua situação arterial quando você está em repouso.
À medida que se abre a torneira, o aumento do fluxo faz a mangueira 
começar a chicotear. Algo similar acontece quando você corre: o fluxo 
sanguíneo aumenta de forma dramática e a “mangueira” começa a se agitar,
 torcer e contorcer. Nessa situação, muitas coisas desagradáveis podem 
acontecer.
Se você tem colesterol depositado na parede das artérias, o movimento
 pode, por exemplo, fazer com que alguma placa se solte e, mais adiante,
 bloqueie a passagem do sangue. Sim, a morte súbita pode vir daí. Em 
casos desta natureza, a corrida terá sido apenas o “gatilho”. A 
verdadeira causa será a condição pré-existente, no caso o depósito de 
colesterol.
Fonte:http://revistacontrarelogio.com.br/
Como evitar oito erros mais comuns numa prova
As
 provas de corrida são o expoente de motivação para os treinos. Todavia,
 o entusiasmo, na hora da partida deve ser moderado. Assim, é 
conveniente ter em atenção 8 aspetos pertinentes:
1- Iniciar muito rápido
Iniciar uma prova a um ritmo muito 
rápido pode ser prejudicial ao nível do desempenho do atleta e não obter
 os resultados pretendidos, mesmo que tenha trabalhado para eles! O
 desgaste excessivo retira o corpo de um estado de equilíbrio e pode 
aumentar a produção de glicogénio e ácido lático, que são originados 
quando o corpo está num ritmo mais forte do que ele consegue manter.
O ideal é controlar o entusiasmo e 
aproveitar o primeiro quilómetro para aquecer o corpo a um ritmo mais 
leve. O restante da prova deve-se ir aumentando o ritmo, a cada 
quilómetro percorrido.
2- Manter ritmo superior ao habitual
É normal, durante uma prova, manter um 
ritmo mais intenso do que o do treino, dado que a motivação e o 
entusiasmo são maiores. Mas se essa velocidade excede muito a do 
costume, o corpo pode sentir as consequências e o atleta pode ficar 
cansado demais antes de completar a prova. O mais indicado é correr 
entre 10 a 15 segundos por km mais rápido do que o habitual, e não mais 
do que isso.
3- Ziguezaguear durante a prova
Dado o crescente número de participantes
 nas provas, o mais comum é serpentear entre os corredores para 
prosseguir. Contudo, com estes movimentos, o risco de sofrer um entorse,
 uma lesão ou mesmo uma queda, é muito grande. Além disso, essa prática 
aumenta o percurso da prova, produzindo um maior cansaço ao atleta.
4- Errar o ritmo ao pegar na água
Muitas vezes, com a pressa de manter 
bons resultados e não perder o ritmo, muitos atletas mal abrandam para 
pegar na água. Não é necessário parar totalmente, basta um ligeiro 
trote, manter a respiração tranquila e, após a hidratação, voltar ao 
ritmo anterior.
Um outro erro é não beber durante a 
prova. Com isso o corpo desidrata rapidamente devido ao aumento da 
temperatura causada pelo esforço. O mais correto é beber cerca de 200 ml
 de água a cada 20 minutos de corrida.
5- Atenção nas curvas
Uma curva mal feita pode prejudicar 
imenso o desempenho na corrida. Fazer as curvas pelo lado maior aumenta o
 trajeto. Mas correr pelo lado de dentro, principalmente, em curvas 
longas, pode diminuir a distância da prova. Todavia é necessário ter 
muita atenção: se a curva for muito fechada, a mudança brusca de direção
 do corpo pode provocar lesões, nomeadamente, entorses de tornozelo.
6- Abrandar quando surgir cansaço cardiorrespiratório
O ideal a fazer quando sentir este tipo 
de cansaço é abrandar o ritmo da corrida até recuperar o fôlego. Quando 
se sentir mais seguro e confortável, o atleta pode aumentar o ritmo 
novamente.
7- Alimentação durante uma prova
Nas provas acima dos 10 km é fundamental
 manter uma alimentação rica em hidratos de carbono de alto nível 
glicémico. Este nutriente é facilmente absorvido pelo organismo e gera 
energia rápida, impedindo que o corpo retire proteínas dos músculos para
 produzir força. A forma mais prática de os repor durante uma prova é 
através dos líquidos isotónicos. Também existem os já conhecidos 
suplementos em forma de gel, com um alto índice glicémico, para serem 
ingeridos, acessivelmente, durante a prova.
Como muitas organizações de provas nem 
sempre fornecem os isotónicos e os suplementos, é conveniente os atletas
 prevenirem-se e irem munidos com estes carbo-hidratos.
8- As subidas
Os percursos com subidas exigem mais 
resistência e mais força do atleta. Manter o ritmo na subida solicita a 
parte muscular extensora da coluna, a região abdominal e os glúteos. 
Deste modo é pertinente investir em exercícios de fortalecimento para 
estas áreas musculares. Importante também é manter a coluna bem alinhada
 na subida e a colocação dos pés no chão.
Um meio de saber se a prova tem muitas 
subidas é, se possível, fazer o reconhecimento do percurso, previamente.
 No caso de impossibilidade, é tentar arranjar a altimetria da prova 
para uma melhor preparação.
Adaptado: “minhavida”
Como fazer uma boa partida
Quem se colocar,
 a meio do percurso, para ver os participantes de uma prova com centenas
 de atletas, fica entusiasmado com todo aquele ambiente. São aos magotes
 ••• e têm um ar feliz ••• Passam em bandos, quais pardais ou andorinhas
 e, no entanto, dão pelos nomes de “Kokkas”, “Zatopeques”, “Mokkas”, 
“Papagaios”, “Olímpicos do Restelo”, “Chinquilhos”, “Ribeirinhos”, 
“Falta d’ ar”… Eu sei lá!
Se o semblante é de prazer e felicidade 
pelo esforço feito, a verdade é que, à partida, nos minutos 
que antecedem o tiro, a tensão e confusão são sempre grandes, verdadeiro
 “Salve-se Quem Puder”, numa clara demonstração de que o comportamento 
do atleta, quando parado, é semelhante ao do cidadão comum, estilo 
“empurra aqui, para chegar mais à frente” .
No meio de tudo isto, os grandes 
prejudicados são os próprios corredores e, daí, o evidente interesse de 
lermos e reflectirmos sobre este “quente” artigo do EngºRui de 
Barros.(MM)
Qual a posição que um atleta deve 
tomar à partida para uma prova de estrada? A resposta a esta pergunta 
não é fácil, a avaliar pelas reacções que alguns atletas demonstram no 
final das corridas: - uns, que se deixaram ficar para trás, lamentam-se,
 dizendo que se tivessem partido mais à frente “outro galo cantaria” … -
 outros, que estavam na primeira linha, queixam-se de dores abdominais e
 dão mil e uma desculpas para O seu desaire, emcobrindo a si mesmos as 
verdadeiras razões.
Antes de analisarmos os factores 
mais importantes que condicionam a posição a tomar por um atleta na 
partida, há que ter em atenção o problema da competição em si mesma.
Existem corredores que, apesar de 
treinarem com regularidade, nunca entram numa prova. Para estes, nunca é
 altura ideal, pois receiam que um esforço mais intenso venha 
a estragar-lhes a boa forma física. Outros, “desunham-se” para fazer 
sempre o melhor possível e acabam por não progredir,  de ganharem isto e
 aquilo a este e àquele.
 Na realidade, todas as vitórias e 
derrotas não têm mais do que um valor momentâneo e aquele que perde hoje
 pode vir a ganhar amanhã e vice-versa. A competição terá de ser vista 
num sistema de valores mais vasto, que englobe a condição humana e 
social do atleta, resultante de um plano previamente traçado pelo 
próprio ou pelo seu treinador.
O resultado da competição irá 
confrontar-se com os objectivos apontados, permitindo, assim, ajustar o 
plano de treinos ou, até, traçar novas metas mais ou menos ambiciosas.
OAMBIENTE ANTES DA PARTIDA
Sendo o dia da competição uma jornada 
importante na agenda do corredor, este terá de chegar ao local do 
acontecimento com uma antecedência suficiente pata contactar com 
o ambiente competitivo e não se deixar surpreender por algum percalço 
que venha a comprometer a sua participação.
O ambiente que rodeia um’1 corrida de 
estrada nos momentos antes da partida é de cordialidade. Toda a gente 
contacta “tu-cá tu-lá” com todo o mundo, deixando de existi aquelas 
barreiras artificiais que impedem, no dia-a-dia, uma comunicação 
aberta. Falando sobre a sua condição física, os atletas tendem a invocar
 incómodas lesões, excessos tidos na véspera e outras 
razões justificativas por não se encontrarem em forma.
No entanto, ao que parece, 
por milagre, toda a gente esquece esses problemas. Outra característica 
que se nota é a confusão que reina em toda a massa humana de  atletas e 
acompanhantes, parecendo que ninguém sabe o que fazer e o que quer. Na 
realidade, a excitação começa a aumentar e não é possível, por exemplo, 
tirar um retrato da equipa e até um simples plano de partirem juntos vai
 por água-abaixo.
O AQUECIMENTO 
Nos dias de hoje, quase todas as 
organizações de Corridas de estrada conseguem cumprir quanto ao horário 
da largada, pelo que o atleta faz o seu aquecimento com a 
antecedência suficiente e necessária. Estas corridinhas preparatórias 
destinam-se
a elevar a temparatura do corpo, de modo a que as fibras musculares possam responder com eficácia, e sem riscos de lesão, ao ritmo de competição a imprimir logo ao tiro de partida.
a elevar a temparatura do corpo, de modo a que as fibras musculares possam responder com eficácia, e sem riscos de lesão, ao ritmo de competição a imprimir logo ao tiro de partida.
O aquecimento resume-se a um período 
de corrida lenta, com cerca de 10 a 15 minutos, imediatamente antes da 
partida (N.R.: Para os atletas com melhor preparação, o período pode ir 
até 30 a 40 minutos). Vemos muitos atletas excederem-se, não só na 
antecedência com que fazem o seu aquecimento, como também na duração e 
intensidade do exercício, aspecto que só acarreta inconvenientes, 
especialmente com tempo quente. Outro erro frequente, é a falta de 
exercícios de ginástica normalmente verificada no aquecimento.
Estes deverão ser curtos, talvez uns 
cinco minutos, procurando-se uma mobilização de todas as articulações, 
bem como o estiramento suave de todos os masculos. A ginástica poderá 
ser intercalada com o período de contínua lenta, ao mesmo tempo que o 
atleta aproveitará o tempo em que se encontra
no pelotão para fazer mais uns exercícios.
no pelotão para fazer mais uns exercícios.
Enquanto faz a sua corridinha de 
aquecimento, deve concentrar-se na prova, antevendo o que vai suceder. 
Assim, e em função da distância e condições do percurso, o 
atleta interioriza o andamento a adoptar, as características da sua 
passada (posição dos braços, cabeça, tronco, amplitude, etc.), a 
respiração (com destaque para uma expiração ampla e forte), a resposta a
 dar em condições de dificuldade, etc ..
LOCALIZAÇÃO NO PELOTÃO
Para se saber qual a posição a tomar 
no pelotão, à partida, é preciso ter em conta o seguinte princípio muito
 importante: “O atleta consegue fazer um bom tempo numa 
determinada distância quando sabe dosear o seu esforço, ou seja, quando o
 andamento é constante”. Ora acontece que, nas nossas corridas, 
a esmagadora maioria, dos atletas faz uma saída muito rápida para, 
depois, vir a terminar penosamente …
Atentemos na tabela publicada na revista  ”Runner’ s World”, que nos indica o factor de segurança para as várias distâncias:
| Maratona | 2´20 | 
| 21Km | 1´10 | 
| 10Km | 30″ | 
| 5kM | 15″ | 
entendendo-se por factor de segurança a 
diferença entre as duas metades da distância, de que o atleta, dentro 
desse factor, venha a terminar com um bom tempo. Tomemos o exemplo de um
 corredor que pretende fazer 35 minutos aos 10 km. Segundo a tabela, 
terá de passar aos 5 km entre 17 e 18 minutos, ou seja, se for mais 
rápido do que os 17, arrisca-se a não aguentar o andamento; se for mais 
lento do que os 18, não conseguirá reagir na segunda metade para acabar 
dentro dos 35 minutos previstos.
Outros factores condicionantes do 
posicionamento do atleta no pelotão são o seu estado físico e a sua 
vontade competitiva. Se o corredor não se encontra na melhor 
condição, então, terá de se retrair, de modo a tomar um andamento 
inicial mais calmo. Se a sua vontade competitiva é forte e a prova 
figura no plano como sendo importante, há necessidade de se colocar numa
 linha mais à frente. Mas se vai à prova apenas para acompanhar um amigo
 mais lento, então, terá de ter isso em atenção e contentar-se com uma 
posição de partida mais fraca, portanto, próxima da ultima linha.
O SEGREDO É COLOCAR-SE NO SEU NiVEL!
Salvo algumas raras excepções, as 
organizações  de corridas de estrada permitem que os participantes se 
coloquem, ã partida, onde muito bem entendem, o que dá origem, 
muitas vezes, a atropelos e abusos de liberdade, a obrigar à utilização 
de cordas, vedações e redes, situação que aceitariamos apenas no caso·de
 uma competição de animais irracionais e não de pessoas. Tal prática tem
 de ser combatida por cada um de nós se, como seres superiores, 
tivermos em conta as seguintes razões, que nos obrigam a partir no 
pelotão de acordo com o nosso nível competitivo.
1. Por motivos de segurança, os atletas mais lentos devem _ partir nas costas dos atletas mais rápidos, já que o contrário dá
origem a atropelos e quedas;
origem a atropelos e quedas;
2. Os atletas lentos que partem das 
primeiras linhas tendem a acompanhar o ritmo dos colegas, em vez 
procurarem utilizar a sua passada, o que irá sair-lhes caro na 
parte final da corrida;
3. Para estar na ·cabeça do pelotão, é preciso parar o aquecimento uns 10 a 15 minutos antes do tiro, aspecto que se torna
inconveniente, pois os factóres benéficos do aquecimento e que permitirão uma melhor entrada em função dos vários orgãos, quase desaparecem e, para mais, irão dar lugar à ansiedade;
inconveniente, pois os factóres benéficos do aquecimento e que permitirão uma melhor entrada em função dos vários orgãos, quase desaparecem e, para mais, irão dar lugar à ansiedade;
4. Por razões que se pretendem com a higiente, é preferível estar cá para trás, em vez de se respirar todos aqueles odores, lá
na zona da frente, onde tudo tem de estar mais apertado;
na zona da frente, onde tudo tem de estar mais apertado;
5. Todos sabem que é muito mais 
moralizante ultrapassar os adversários do que ser ultrapassado por 
estes. Assim, o atleta que parte mais recuado anima-se consoante vai 
ultrapassando os outros corredores, enquanto que o que partiu rápido 
acaba por se desmoralizar, ao ver as dezenas ou centenas que, 
facilmente, correm mais rápido;
6. Quanto ao civismo, os atletas mais lentos devem dar lugar honestamente aos atletas mais fortes, pois, caso contrário, só
prejudicam aqueles que têm de ultrapassar. Podemos desculpar um jovem que se mete à frente, atendendo à sua idade e inexperiência , mas temos de acusar os “espertos” que se infiltram nas primeiras linhas, tal como se se tivessem introduzido a meio do percurso.
prejudicam aqueles que têm de ultrapassar. Podemos desculpar um jovem que se mete à frente, atendendo à sua idade e inexperiência , mas temos de acusar os “espertos” que se infiltram nas primeiras linhas, tal como se se tivessem introduzido a meio do percurso.
Aprenda sobre o 10 20 30 o novo treino de intervalo, que vai te fazer mais rápido em 7 semanas.
O 10-20-30 é um treino de intervalo de corrida novo, que está classificado na categoria HIIT. High Intensity Inrerval training ou seja é um treino de intervalo de alta intensidade.
O treino de intervalo 10-20-30  promete melhorar o seu condicionamento físico na corrida em  apenas 7 semanas. 
O treino é super 
intenso e substitui um treino semanal da sua planilha, por ser um treino
 de muito impacto, ele só deve ser feito no máximo 2x por semana, e se 
deve alongar muito bem antes de começar, ou correr 1k/2k antes de 
colocar o treino em prática. 
O treino foi 
criado e testado por pesquisadores da Universidade de Copenhague e 
publicado pelo jornal de Fisiologia aplicada, os resultados dos testes 
indicaram uma melhora na performance/velocidade dos corredores, além de 
melhorar a sua capacidade respiratória.
Com relação a 
velocidade da corrida (pace) os resultados foram notórios: Depois fazer o
 treino por sete semanas, os participantes foram capazes de melhorar 
suas performances de 1.500 metros em 23 segundos, e nos 5 quilómetros a 
melhora foi de 1 minuto 
O treino é 
dividido em blocos de 5 minutos, cada bloco é dividido em 5, ou seja 5x 1
 minuto, onde cada minuto é deve ser feito da seguinte forma:
10 segundos correndo o mais rápido que puder.
20 segundos correndo moderadamente.
30 segundos correndo devagar (ou andando para quem é iniciante na corrida). 
Comece o treino 
sempre com o aquecimento + 3 séries de 5x (30s correndo devagar, 20s 
correndo moderadamente e 10 correndo rápido), intervalados com 3 minutos
 de corrida lenta e finalize com o alongamento.
A primeira semana
 do treino ficaria assim. 1 ou 2 k de aquecimento um bloco do treino 10 
20 30(ou seja 5x (10s de corrida rápida, 20s de corrida moderada e 30s 
de corrida lenta) + 3 minutos de corrida lenta + 5x (10s de corrida 
rápida, 20s de corrida moderada e 30s de corrida lenta) + 3 minutos de 
corrida lenta + 5x (10s de corrida rápida, 20s de corrida moderada e 30s
 de corrida lenta) + 3 de corrida lenta.
Agora é só testar o treino, e conferir os resultados.
Fonte: Applied Physiology journal. 2012 e Site da Universidade de Copenhague.
The 10-20-30 training concept improves performance and health profile in moderately trained runners.
Ana Audun
No Instagram: @corracomigo
Que tipo de treino se deve fazer para emagrecer?
O problema, é que ainda existe muita confusão sobre qual deve ser o 
tipo de esforço ideal para perder peso, utilizando a gordura como fonte 
de energia para o exercício.
Deve-se correr muito ou correr pouco?
Deve-se correr depressa ou correr devagar?
Deve-se fazer corrida contínua ou treino intervalado?
Deve-se correr em regime aeróbio ou anaeróbio?
Estas são muitas das dúvidas que se colocam e que vamos, de uma forma
 simples, tentar responder. Para isso, pensamos que será útil uma 
pequena revisão sobre as nossas fontes energéticas, ou seja, sobre as 
fontes de energia que utilizamos para todo o tipo de esforços e 
movimentos que realizamos no dia a dia.
As Fontes energéticas
Toda a energia que utilizamos vem dos 
alimentos.  Os alimentos compõem-se principalmente de carbono, 
hidrogénio e oxigénio e, no caso das proteínas de nitrogénio. As 
ligações celulares dos alimentos são fracas e proporcionam pouca energia
 quando se decompõem, pelo que os alimentos não são usados directamente 
nas operações celulares.
Contudo, a energia que se liberta 
quimicamente dentro das células tem a forma de um composto altamente 
energético – ATP (adenosina trifosfato). É a formação de ATP que dá à 
célula os meios para armazenar e conservar energia num composto 
altamente energético.
São três as fontes energéticas, os 
hidratos de carbono, as gorduras e as proteínas. Em repouso, a energia 
que o nosso corpo necessita obtém-se por uma igual decomposição de 
hidratos de carbono e de gorduras. As proteínas são como que os 
“tijolos” com que se constrói o nosso corpo, proporcionando pouca 
energia para a função celular.
Quando passamos de um esforço muscular 
suave para um esforço mais intenso, utilizam-se progressivamente mais 
hidratos de carbono e menos gorduras. Nos esforços de curta duração o 
ATP regenera-se quase exclusivamente a partir dos hidratos de carbono.
Hidratos de Carbono
Os hidratos de carbono convertem-se em 
glucose, que é um monossacárido (açucar com uma só unidade) que é 
transportado pelo sangue aos tecidos activos onde se metaboliza.
As reservas de glicogénio no fígado e 
nos músculos são limitadas e podem esgotar-se a menos que a dieta 
contenha uma razoável quantidade de hidratos de carbono, pelo que 
dependemos muito da alimentação para repor essas reservas e, sem uma 
ingestão correcta dos alimentos, os músculos e o fígado podem ficar 
desprovidos da sua principal fonte energética.
Os hidratos de carbono são facilmente 
disponíveis quando incluídos na dieta e são facilmente metabolizáveis 
pelo tecido muscular esquelético.
Gorduras
O nosso corpo acumula muito mais gordura
 do que hidratos de carbono, sendo as reservas energéticas de gordura 
muito maiores. Contudo, essas reservas são menos acessíveis para o 
metabolismo celular porque primeiro devem ser reduzidas desde a sua 
forma mais complexa (triglicéridos) aos seus componentes básicos 
(glicerol e ácidos gordos livres – AGL), pois só estes se usam na 
ressíntese do ATP.
Obtém-se mais energia de uma determinada
 quantidade de gordura (9 Kcal/g) do que da mesma quantidade de hidratos
 de carbono (4 Kcal/g), mas o ritmo de libertação da gordura é demasiado
 lento para satisfazer todas as necessidade energéticas para as 
actividades mais intensas.
As reservas de hidratos de carbono no 
fígado e nos músculos esqueléticos estão limitadas a menos de 2000 Kcal 
de energia o que equivale à energia necessária para se correr cerca de 
32 Km, enquanto que as reservas de gordura podem ter 70000 Kcal de 
energia acumulada. As gorduras constituem o substrato energético 
preferencial em esforços de baixa intensidade.
Proteínas
As proteínas podem fornecer entre 5 a 
10% da energia necessária para a manutenção de um exercício prolongado, 
mas só as unidades mais básicas das proteínas (aminoácidos) se podem 
usar para obter energia.
RESERVAS DE SUBSTRATOS ENERGÉTICOS
-         Para um indivíduo de 65 Kg e com 12% de massa gorda.
HIDRATOS DE CARBONO                         g                          Kcal
- Glicogénio hepático                                       110                         451
- Glicogénio muscular                                       250                      1,025
- Glucose (fluído orgânico – sangue)                   15                          62
TOTAL   375                      1,538
GORDURA
- Subcutânea                                                    7,800                   70,980
- Intramuscular                                                    161                     1,465
TOTAL 7,961                   72,445
Os hidratos de carbono fornecem menos energia do que as gorduras, mas estas necessitam de mais Oxigénio.
Como os hidratos de carbono necessitam 
de menos Oxigénio, quando estamos a trabalhar com intensidades elevadas e
 começa a haver deficit de Oxigénio, utilizamos os hidratos de carbono 
como fonte energética. Só utilizamos as gorduras quando a intensidade é 
menor e há o Oxigénio necessário para a sua utilização.
Os Efeitos do Treino
O treino, quando 
sistemático, bem orientado, acompanhado de uma dieta alimentar adequada e
 tendo como objectivo aumentar a resistência aeróbia, provoca alterações
 no organismo, nomeadamente na sua capacidade de utilizar as fontes 
energéticas de uma forma mais eficaz.
Hidratos de Carbono para obtenção de energia
O glicogénio muscular é utilizado 
extensamente durante cada sessão de treino, pelo que os mecanismos 
responsáveis pela sua ressíntese são estimulados após cada sessão. Com 
um descanso adequado e com uma quantidade suficiente de hidratos de 
carbono da dieta, os músculos treinados acumulam uma quantidade 
consideravelmente maior de glicogénio que os músculos não treinados. Um 
maior depósito de glicogénio permite aos atletas tolerar melhor as 
exigências do treino porque possui mais combustível.
Gorduras para obtenção de energia
Os músculos treinados têm uma quantidade
 substancialmente maior de gordura armazenada como triglicéridos. Como 
estão perto das mitocôndrias é fácil serem usados como combustível 
durante o exercício. As actividades de muitos enzimas musculares 
responsáveis pela betaoxidação das gorduras aumentam com o treino da 
resistência, o que permite aos músculos queimarem gorduras com maior 
eficácia. Com o treino há um aumento de cerca de 30% da capacidade de 
oxidar AGL. O treino da resistência também faz aumentar a velocidade a 
que são libertados os AGL dos depósitos durante a realização de esforços
 prolongados. Elevando-se o nível de AGL no sangue, pode-se poupar o 
glicogénio retardando o seu esgotamento. Para qualquer intensidade de 
esforço, os indivíduos treinados utilizam sempre mais gorduras que 
hidratos de carbono relativamente aos não treinados, para obter energia.
Com o treino aeróbio há um aumento da 
eficácia no uso das gorduras como fonte de energia para o esforço. Isso 
permite usar o glicogénio muscular e hepático a um ritmo mais lento.
Sistema Aeróbio – Utilização das Gorduras como Fonte Energética
Há três sistemas energéticos, dois 
anaeróbios (aláctico e láctico) respectivamente sem e com acumulação de 
ácido láctico e um sistema aeróbio que é o sistema mais complexo dos 
três sistemas energéticos.
O processo pelo qual o corpo decompõem 
combustíveis com a ajuda de oxigénio para gerar energia chama-se 
respiração celular. Como utiliza oxigénio é um processo aeróbio. Para os
 corredores de provas de estrada, a grande maioria do esforço que fazem 
em treinos e competições é de características aeróbias (esforços de 
longa duração e baixa intensidade).
Como se sabe, os músculos necessitam de 
um aporte constante de energia para produzir continuamente a força 
necessária durante as actividades de longa duração e como o sistema 
aeróbio produz uma enorme quantidade de energia, é o método principal de
 produção de energia utilizado durante as provas de resistência. Esta 
fonte energética pode produzir energia a partir de hidratos de carbono 
ou de gordura. Quando se utiliza a gordura como fonte energética para o 
esforço, pode-se dizer então que o treino também serve, para além de 
melhorar os níveis de resistência, para “queimar gorduras” ou seja, 
perder peso. Contudo, para que isto aconteça o treino tem de respeitar 
algumas características específicas.
Na fonte aeróbia temos que considerar 
vários tipos de reagentes (combustíveis), pois podemos utilizar hidratos
 de carbono ou gorduras. O processo de utilização das gorduras como 
fonte energética comparado com o processo em que o organismo utiliza os 
hidratos de carbono, é mais demorado embora produza muito mais energia.
Devido à menor existência de oxigénio, 
as gorduras têm uma necessidade muito maior de oxigénio da atmosfera. 
Quando estamos em actividade estamos sempre a utilizar hidratos de 
carbono e gorduras e estamos a fazer mais apelo a um do que a outro 
conforme a intensidade do esforço, assim como a reserva de hidratos de 
carbono disponível no organismo. Contudo, temos muito mais gorduras do 
que hidratos de carbono, pois o nosso organismo não deita fora a gordura
 e além disso transforma as proteínas e os hidratos de carbono que 
ingerimos em excesso, em gordura. A quantidade de gordura armazenada é 
tão grande que não há nenhuma prova desportiva cuja duração seja 
suficiente para esgotar essa reserva.
Quando estamos em repouso consumimos uma
 mistura de gordura e hidratos de carbono. A gordura é consumida por 
todo o organismo e os glúcidos são consumidos quase exclusivamente pelo 
cérebro. Em exercícios com baixa intensidade o organismo continua a 
consumir essencialmente as gorduras, pois há uma grande quantidade 
disponível, mas quando o factor limitativo começa a ser o oxigénio que 
chega à célula muscular (isso acontece devido ao aumento da intensidade 
do esforço), então as reservas que passam a ser utilizadas passam a ser 
predominantemente os hidratos de carbono que já têm oxigénio. Por 
exemplo em dois atletas que correm à mesma velocidade, o que tiver um 
maior consumo de oxigénio utiliza mais as gorduras porque tem mais 
oxigénio disponível e o que tiver um menor consumo de oxigénio gasta 
mais hidratos de carbono, o que em provas de longa duração faz com 
esgote mais rapidamente as suas reservas de glúcidos.
Para melhorarmos o rendimento em provas 
aeróbias podemos aumentar as reservas de hidratos de carbono, mas isso 
não é treinável, e por outro lado melhorar o consumo de oxigénio, para 
que se utilizem principalmente as reservas de gordura e poupar o mais 
possível as reservas de hidratos de carbono. O consumo de oxigénio é 
treinável, pelo que se queremos melhorar a capacidade aeróbia temos de 
melhorar o consumo de oxigénio.
Conclusão
Na introdução colocámos quatro questões 
relativas ao tipo de treino ideal para quem quer perder peso. Este 
artigo procura dar e justificar essas respostas.
Deve-se correr muito ou correr pouco? MUITO
Deve-se correr depressa ou correr devagar? DEVAGAR
Deve-se fazer corrida contínua ou treino intervalado? CONTÍNUA
Deve-se correr em regime aeróbio ou anaeróbio? AERÓBIO
A utilização das gorduras como fonte 
energética depende do consumo de oxigénio (enquanto o oxigénio que 
respiramos é suficiente o organismo utiliza as gorduras, quando o 
oxigénio começa a faltar, devido ao aumento da intensidade do esforço o 
organismo passa progressivamente a utilizar os hidratos de carbono). 
Assim, temos de procurar melhorar o consumo de oxigénio e 
consequentemente a capacidade aeróbia, que é treinável através de 
esforços preferencialmente contínuos, de longa duração e baixa 
intensidade, ou seja, se quer utilizar o treino de corrida para perder 
peso, faça corrida contínua, em longas distâncias num andamento moderado
 em regime aeróbio.
Pelo Professor João Abrantes
Quando não queremos correr
Ser Humano é um animal estranho e algumas das suas atitudes podem ter significados contraditórios …
Imaginemos que alguém gosta imenso de comer chocolate. Pois hem por muito saboroso, suculento que esse alimento seja, se só se comer chocolate ao fim de alguns dias já não é possível gostar desse alimento rico em glúcidos. Se houver a precaução de ingerir chocolate, não a toda a hora, mas digamos dia sim, dia não, então todo o sabor maguífico do alimento é apreciado na máxima plenitude. No fim, entre a paixão de se gostar de algo e o enjoo, quase repudio, vai uma curta distância que bem vistas as coisas se poderá muito simplesmente chamar de dose!
Imaginemos que alguém gosta imenso de comer chocolate. Pois hem por muito saboroso, suculento que esse alimento seja, se só se comer chocolate ao fim de alguns dias já não é possível gostar desse alimento rico em glúcidos. Se houver a precaução de ingerir chocolate, não a toda a hora, mas digamos dia sim, dia não, então todo o sabor maguífico do alimento é apreciado na máxima plenitude. No fim, entre a paixão de se gostar de algo e o enjoo, quase repudio, vai uma curta distância que bem vistas as coisas se poderá muito simplesmente chamar de dose!
Pois é, em quase tudo na vida é sempre 
uma questão de dose. Se for exagerada, quase exclusiva, então acabamos 
por a não poder ver mais. Se for com “conta peso e medida” então todo o 
prazer dessa actividade irá continuar por muitos e bons anos. Na nossa 
Corrida também se passa o mesmo. A dose é tudo. Por muito que se adore 
ir correr, há que ter o disceruimento de só se fazer um determinado 
volume de quilómetros, não só em função da Forma Física, das condições 
atmosféricas, dos percursos, da companhia, do gozo que isso pode 
proporcionar ao atleta … Enfim, um número muito grande de variantes a 
que o atleta deve estar atento pois caso contrário pode surgir o 
desencanto por essa actividade.
Tudo que é demais!
É isso mesmo, tudo o que é demais, acaba
 por não ter interesse, por deixar de ser motivador e nós corredores, 
devemos ter em atenção esta máxima, pois caso contrário, mais cedo ou 
mais tarde, acabamos por abandonar a prática daquilo que tanto 
gostávamos. E uma questão de motivação de interesse em torno do desporto
 favorito e certamente alguns dos nossos leitores, por mais furiosos 
adeptos que sejam da Corrida,já talvez tenham sentido, lá no seu intimo,
 que há dias, há semanas em que não apetece ir correr, parecendo que o 
corpo “nos pede” que não haja mais corrida.
A arte de saber “sentir” com está a 
nossa máquina é uma arte que só alguns possuem e são talvez esses que, 
mais apreciam a simples prática regular da corrida. E a tal dose que 
focámos anteriormente. Sabê-la aplicar, semana após semana deve estar 
sempre presente em todos os desportistas. Enfim, como referimos, há 
meses, há semanas em que a motivação está mais por baixo e não apetece 
mesmo nada ir correr. O que fazer então? Abandonar a actividade de vez? 
Abraçar outra prática desportiva? Deixar deflnitivamente a prática de 
qualquer exercício fisico? As questões são variadas mas há um aspecto 
fundamental em tudo isto: nunca se deve abandonar a prática regular de 
exercício físico já que, quer queiramos ou não, estamos perante algo que
 absolutamente fundamental para o equilíbrio da população moderna. Para o
 Ser Humano, a inactividade é algo que acaba por o destruir as 
principais funções do seu corpo, por reduzir o seu tempo de vida.
O saudoso fisiologista alemão Dr. Ernst 
van Aaken tinha uma frase que simbolizava claramente o perigo do 
sedentarismo do homem moderno: “A inactividade destrói tudo, até acaba 
por destruir um tanque de guerra blindado!”
Quando não apetece…
Há muitas outras actividades, mais 
passivas ou mais movimentadas que os corredores podem 
explorar ocasionalmente e se calhar em algumas delas poderão vir a 
encontrar todo uma mais forte motivação para voltar à sua Corrida com 
toda a paixão.
De acordo com a nossa experiência de 
corredor “de pelotão” vai para trinta anos, aqui ficam algumas sugestões
 que já experimentámos e algumas delas com excelentes resultados. 
Tivemos a precaução de dividir tudo em dois grupos o primeiro sobre a 
possibilidade de se efectuarem descobertas em torno de outros desportos.
 O outro, mais em jeito de “truques”, de pequenos nadas que se podem vir
 a fazer sem deixar de continuar a correr regularmente.
Actividades desportivas?
NATAÇÃO – Habitualmente
 o corredor está submetido a uma onda constante de impactos do pé com o 
solo. Cada passada só poderá ser produzida mediante a força de impulsão 
do pé, numa sucessão continua de movimentos de deslocação que acabam por
 significar “micro-impactos” constantes capazes que provocarem 
inclusivamente lesões na estrutura muscular do desportista. Na Natação a
 situação é exactamente quase inversa. O individuo ao entrar no meio 
aquático, fica quase a flutuar e para se movimentar não tem aqueles 
típicos fortes impactos tão comuns na Corrida.
Estamos perante uma actividade que, de 
certa maneira, irá funcionar como uma certa massagem natural, de 
descontracção, de reforço de outros grupos musculares. Daí que muitos 
treinadores aconselhem a prática da natação em estilo de descontracção 
aos seus melhores atletas, qual função de reforço da motivação em torno 
da corrida, fugindo exactamente desse desporto. Portanto, a Natação pode
 ser uma excelente actividade extra, ou como diríamos a aplicar nos dias
 em que não apetece mesmo nada ir correr.
CICLISMO – Ora aqui 
está um desporto que está na moda. Hoje, ter uma bicicleta começa a 
ser normal. Pode ser do tipo “pasteleira” mas o importante é que para a 
movimentarmos teremos de forçosamente pedalar. Tudo o que referimos 
anteriormente quanto à problemática do perigo dos continuados impactos 
do pé com o solo, assume no ciclismo quase o mesmo valor. O ciclista, 
não sofre as ”ondas de choque” tão habituais no corredor e 
consequentemente estamos perante uma actividade de ”descanso muscular”, 
onde o corredor vai desenvolver outros grupos musculares mas sempre numa
 posição de “sentado”, de urna certa passividade.
O perigo reside nas quedas e daí a nossa
 sugestões de se procurar utilizar percursos planos, sem tráfego e 
sempre utilizando uma velocidade confortável de deslocação. A vantagem 
do uso da bicicleta é que podem-se explorar áreas muito mais distantes 
do que a correr. A comparação de esforço poderá ser sintetizada nesta 
relação: 10 km de corrida equivalem a um esforço de 40 na bicicleta, o 
que faz com que se descubram novos percursos que só a correr não seriam 
possíveis.
Outro pormenor, muito importante para 
nós, é que o uso da bicicleta em determinados dias pode fazer com que 
também toda a nossa família nos acompanhe em jeito de grande passeio. 
Este é um aspecto a reter pois regra geral não é fácil que os nossos 
familiares mais próximos possam ir correr connosco.
CORRIDA DE ORIENTAÇÃO –
 Embora muito próxima da nossa corrida, esta variante de esforço físico 
contínuo, introduz uma componente extra particularmente interessante, a 
capacidade do desportista se saber orientar em plena natureza. É o 
“mental” que entra como forte componente no esquema da corrida e não 
será por acaso que muitos ex-corredores, acabaram por abraçar as 
Corridas de Orientação como o seu desporto favorito.
Não é fácil “entrar” nas actividades de 
“Corrida de Orientação” pois regra geral há um certo ciclo fechado nos 
clubes que se dedicam a estas actividades no entanto estamos em crer que
 uma abordagem a um dos clubes da sua região poderá facilitar urna 
aprendizagem simples e de alguma maneira rápida.
FUTEBOL – Quem não conhece amigos que tem uma qualquer equipa para jogar aos fins-de semana?
Para mais qualquer corredor, independentemente no seu nível atlético, terá sempre uma condição física superior aos habituais jogadores dos clubes de “ocasião”. Numa primeira abordagem, até pode ser “engraçado” jogar, uma vez por outra, nessas equipas e se não houver muito jeito para dar chutos na bola pelo menos passa-se o tempo do jogo a correr de um lado para o outro.
Para mais qualquer corredor, independentemente no seu nível atlético, terá sempre uma condição física superior aos habituais jogadores dos clubes de “ocasião”. Numa primeira abordagem, até pode ser “engraçado” jogar, uma vez por outra, nessas equipas e se não houver muito jeito para dar chutos na bola pelo menos passa-se o tempo do jogo a correr de um lado para o outro.
A opção parece boa, o principal perigo 
são as lesões, as “pancadas” que o futebol ocasionalmente ou não, acaba 
por proporcionar, situação que faz com que as pernas do corredor estejam
 sempre em risco de ficarem seriamente lesionadas. Depois há outra 
questão. Os corredores, regra geral são leves e qualquer “encosto” de 
ombro verificado em pleno jogo pode traduzir-se em queda aparatosa e se o
 piso não for de relva então os riscos ainda são maiores.
Aliás mesmo jogando a brincar, 
calmamente, entre” amigos é fácil surgirem lesões …A favor do futebol, 
temos o factor camaradagem, o ambiente, a troca de brincadeiras entre 
jogadores da mesma equipa, o pós-jogo, regra geral traduzido num almoço 
ou jantar de grande convívio.
AS CAMINHADAS – Aqui 
está algo muito parecido com a corrida. Pode ser feito a qualquer hora, 
só ou acompanhado e sem necessidade de grande equipamento a não ser uns 
sapatos que, no caso dos corredores, poderão ser os mesmos que utiliza 
no seu habitual desporto. Se quando focamos o ciclismo referimos que se 
podia fazer circuitos maiores do que a correr, agora ao Caminhar, tudo 
será mais curto já que o ritmo de 6 km/h é algo que vai obrigar a um 
esforço constante.
A diferença entre a corrida está no 
facto de se poder observar a paisagem com mais tranquilidade, ver outras
 coisas mais em detalhe que quando se está a correr “nos passam ao 
lado”. Também a família nos pode acompanhar e como está na moda fazer 
boas caminhadas está pode ser mais uma outra opção para os dias em que 
não apetece vestir os calções e ir correr.
Que truques?
Para quem esteja com pouca vontade, 
digamos motivação, em torno da sua habitual corrida, mas  queira 
continuar ligado a ela, os “truques” que sugerimos podem ser resumidos 
assim:
MUSICA – Talvez o 
“doping” mais utilizado pelos corredores. Uma boa musica em plena 
corrida faz-nos parecer que até temos asas, os quilómetros são 
percorridos com mais vivacidade e o tempo de esforço “passa a correr”. 
Para quem ainda não experimentou correr ao som da música aqui está uma 
opção muito importante a considerar.
Depois, de treino para treino, pode-se 
ir variando o reportório, fazendo com que haja maior prazer em cada 
passada.O problema é que correndo com musica o atleta viga mais exposto 
ao perigo do acidente, principalmente se estiver a correr em artérias 
movimentadas. Nos Estados Unidos, sobretudo, nos grandes centros, são 
frequentes os acidentes com praticantes de corrida que escutam musica.
O alhear do ambiente envolvente pode ser
 perigoso pois não serão só os automóveis o principal perigo, 
os ciclistas e os cães são outros factores a considerar. A solução para o
 corredor é tentar não colocar o volume de som muito elevado de maneira a
 poder pressentir alguma anomalia que o possa cercar. Outra questão é a 
possibilidade do atleta poder ser assaltado.
Ver alguém a correr em parques ou zonas 
muito arborizadas usando aparelhos de som pode mais facilmente conduzir a
 situações de roubos, daí que se aconselhe o atleta a não ostentar o 
aparelho que está a utilizar. Por exemplo o uso de um simples boné 
esconde facilmente os auscultadores da mesma maneira que uma T-shirt por
 fora dos calções irá esconder tudo que está preso junto à cintura.
NOVOS PERCURSOS - A 
rotina é o principal inimigo de quem gosta de correr e um dos erros 
frequentes acaba por ser a utilização sistemática e constante do mesmo 
percurso de treino. Há que inovar, e por exemplo, num pequeno circuito, o
 processo mais simples de modificar tudo basta efectuá-lo numa das 
sessões num determinado sentido e na outra em sentido contrário. Mas há 
mais, nas proximidades onde é habitual correr, há certamente outras 
possibilidades e basta uma pequena variação de um traçado para fazer com
 que tudo seja novo.
Aos fins-de-semana opte por outras 
voltas, estilo ir de comboio ou de autocarro até um determinado lugar 
regressando depois a correr, ou então, em vez de sair de casa a correr, 
ir de carro até determinada zona e efectuar aí a sessão de preparação. 
Quando nos referimos aos percursos também estamos a pensar nos pisos. A 
alternância de pisos é, não só, muito importante para se 
evitarem possíveis lesões, como para introduzir outras sensações de 
passadas. Se os relvados são óptimos, a terra batida é outra opção numa 
escala em que o duro asfalto será a opção menos desejada a par dos 
terrenos juncados de pedras e pequenos buracos.
PRENDAS PESSOAIS - 
Quando as coisas começam a parecer algo monótonas, quando a ”chama” 
parece estar mais fraca, um dos “truques” que costumamos utilizar é 
oferecer a “nós próprios” uma prendinha. Pode parecer estranho, mas 
entrar numa loja de desporto e comprar umas simples meias de corrida 
para serem utilizadas na próxima sessão é algo que funciona mesmo. Dá ao
 atleta um sentimento de maior auto-estima.
Claro que neste capítulo há as prendas e
 as “prendinhas” e se por vezes a aquisição de um bom par se sapatos, 
pode ser prenda super, por outras, um pequeno objecto de meia dúzia de 
euros pode assumir um significado de prazer extra inesquecível, bem ao 
estilo da criança que recebe um pequeno boneco para brincar.
No ano passado vivemos uma experiência 
semelhante. Havia muito trabalho na redacção do jornal e os nosso 
habituais 5 treinos por semana (cerca de 40 minutos de esforço) passaram
 a ficar com pouco interesse. Para tentar combater esta apatia fomos a 
uma loja de desporto à descoberta de algo que nos motivasse. Encontrámos
 um pequeno porta-chaves com uma mola para fixar aos calções. Tudo ficou
 por  apenas 2 euros. No treino seguinte colocamos a chave da viatura no
 pequeno porta-chaves para corredores e ficámos espantados pois a eterna
 questão de guardar as chaves nos calções desapareceu. O treino 
foi maravilhoso tínhamos um novo brinquedo … vezes uma ou outra 
competição mas sem grande motivação.
Para tentar modificar tudo isto, um dos 
“truques” pode ser, apenas e só, fixar um grande objectivo, digamos para
 daqui a dois meses. Um grande objectivo pode ser uma grande prova, algo
 que nos entusiasme, no país ou no estrangeiro, uma Meia ou até mesmo 
uma Maratona, talvez uma grande prova de Montanha, ou por que não a 
presença numa corrida de Milha!
A planificação a longo prazo pode ser a 
solução para combater a falta de motivação. Por exemplo, se a prova for 
daqui a 8 semanas, então quase como por magia, o atleta passa a encarar 
os treinos com outro cuidado, auto-motiva-se à medida que se aproxima o 
grande dia. Mas atenção não pode ser um pequeno objectivo, tem de ser 
uma grande coisa que nos faça empolgar!
UTILIZAR A DISTÂNCIA EM VEZ DO TEMPO
 – Ora aqui está outra solução bem simples. Se é certo que regra geral, 
os corredores fazem a maioria das suas sessões em função do tempo total,
 porque não, em certos treinos utilizar o factor distância? Em vez de 
marcar, à terça-feira vou correr durante 60 minutos, passar a marcar: 3 
voltas ao circuito de 4 km. O tempo é desprezado e o factor importante 
passa a ser a distância.
Outra das soluções é continuar a correr 
em função do tempo de esforço mas quando faltarem, por exemplo, 10 
minutos entrar num determinado circuito e fazer, por exemplo 4 voltas 
mais rápidas, mas sempre as mesmas voltas. São estes pequenos nadas que 
acabam por fazer com que o atleta esteja atento ao esforço, à passada, à
 respiração e não fique como que “adormecido” à espera que o tempo de 
corrida passe monotonamente.
CORRER COM AMIGOS – Nos
 Estados Unidos, cerca de 70% dos praticantes de corrida fazem-no 
sozinhos e julgamos que na Europa esta percentagem também andará muito 
próximo da realidade. Semana a semana o corredor vai para os seus 
treinos só, corre só e no fim não há qualquer convívio, qualquer troca 
de ideias. Nesta sequência e por muito que se goste de correr “consigo 
mesmo”, é mais fácil cair-se numa situação de monotonia.
A nossa sugestão é para que o atleta 
opte por efectuar ocasionalmente os treinos com alguns amigos. O esforço
 realiza-se mais facilmente, introduz-se uma nova variante, a conversa, 
já que a maioria das sessões dos corredores é feita em equilíbrio de 
oxigénio (pode-se falar durante minutos sem ficar ofegante … ). Há ainda
 outro detalhe, em grupo, mesmo todos estando bem calados, o ritmo 
das passadas parece ser mais bem “digerido”, vive-se em equipa, sente-se
 tudo como se fosse um grupo e este é, sem dúvida, um dos factores com 
que a maioria dos corredores solitários mais sente e que acaba por 
os levar a deixar de correr. Ao terminarmos, apenas um detalhe, “Quando 
não apetecer ir correr”, também pode ser útil ficar alguns dias sem nada
 fazer, sem sentir o chamado “cheiro a suor”.
Esta acalmia no esforço, pode ser 
apenas, e só, um alerta do nosso corpo para a necessidade de um tempo de
 repouso, de pausa, de mais tranquilidade, talvez um tempo de uma calma 
reflexão. Não é perigoso ficar alguns dias assim, pois quando se gosta 
mesmo de correr o “bichinho” está sempre dentro de nós e mais cedo ou 
mais tarde volta a “chamar-nos” para muitos e agradáveis.


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